Tinha decidido não escrever. Até comprei uma revista para me distrair, mas não pude evitar sentar-me no mesmo lugar em que nos sentamos na sexta ao entrar no ônibus idêntico ao de hoje, senão o mesmo.
Foram quatro dias maravilhosos como os primeiros, mas desta vez foi mais espontâneo, menos planejado. Mais nosso. Sem um guia, uma fotógrafa ou amigos diversos por perto vigiando cada um dos nossos passos. Meu mundo foi, por quatro dias, só dele e o dele só meu literalmente. Quem dera nossos dias fossem sempre assim. Meus pensamentos, sorrisos, lágrimas, foram todos para ele e por ele.
Voltando pelo mesmo caminho pelo qual passamos na sexta-feira passada, lembro-me dos pontos da viagem em que nos abraçamos, nos beijamos, rimos e nos chateamos. Hoje o lugar ao meu lado foi o último a ser ocupado no ônibus. Será que estava esperando por ele?
Não quero falar com ninguém hoje além dele. A despedida desta vez foi ainda mais difícil. O meu coração e o nosso abraço ficavam mais apertados a cada curva que nos aproximava do aeroporto. Acredito que será cada vez pior, pois cada vez vemos mais e mais o quanto é maravilhoso estarmos juntos. O quanto nos faz bem e felizes.
É duro sair de um sonho, saber que ele foi real e ter que esperar por outra noite de sono bom para vivê-lo novamente. Voltamos então às nossas realidades chatas e insossas, aquelas das quais temos motivos de verdade para reclamar.
E então, quando estivermos perto de não suportar mais, chegará a hora em que será possível ficarmos juntos por dias, semanas, meses, anos e décadas. Fazendo um ao outro as pessoas mais felizes do mundo por estarmos no ciclo vicioso de se sentir feliz com a felicidade do outro.